A indústria de manufatura cuida da transformação de determinadas matérias-primas em produtos acabados, capazes de atender à demanda dos seus clientes. A indústria moveleira, a qual transforma madeira em móveis, é um exemplo disso. No entanto, aqui no Brasil, como o setor de transformação está se adaptando à indústria 4.0?
Em primeiro lugar, é preciso entender o que esse conceito: uma nova revolução industrial, agora marcada pelo avanço das tecnologias digitais, como softwares avançados, sistemas com inteligência artificial e internet das coisas. Essa revolução permite uma mudança profunda nos processos, tornando-os mais rápidos e precisos.
Nos próximos tópicos, vamos explicar detalhadamente o assunto e mostrar o que está mudando, quais são as tecnologias mais usadas e como tirar proveito disso. Boa leitura!
A indústria 4.0 de manufatura e a automação de processos
Na primeira revolução industrial, quando as máquinas davam seus primeiros passos, quase todo o trabalho era feito manualmente. Elas cuidavam do trabalho mais pesado enquanto as pessoas se encarregavam dos detalhes.
Com o avanço da tecnologia, o maquinário foi ganhando mais funcionalidades. Computadores, por exemplo, tornaram menos necessário o uso de assistentes pessoais ou profissionais para arquivar e depois encontrar certas pastas.
Na última década, o número de tarefas que uma máquina pode assumir cresceu muito. Os softwares estão cada vez mais inteligentes, permitindo um trabalho mais rápido, seguro e automatizado — ou seja, com pouca ou nenhuma interferência humana.
Veja, por exemplo, uma linha de produção de automóveis. Braços robóticos são programados para realizar boa parte das tarefas, enquanto os operários ficam com os retoques finais ou tarefas de monitoramento dos padrões de qualidade.
Esse processo de automação tem ganhado força e, mesmo dentro de indústrias menores, já é possível enxergar uma série de tarefas que podem ser automatizadas desde o disparo de e-mails até a checagem e classificação de remessas para entregas.
Tarefas mais e menos propensas à automação
No ano de 2013, dois pesquisadores da Universidade de Oxford, Carl Frey e Michael Osborne, fizeram uma lista das profissões que provavelmente não existirão no futuro. Motivo: elas devem ser substituídas por máquinas inteligentes.
A lista é encabeçada pelo trabalho de operador de telemarketing, que tem alta probabilidade de automação, e já é possível ver esse movimento. Muitas indústrias já contam com bots para fornecer o atendimento inicial aos clientes. Caso o problema seja mais complexo, o consumidor é encaminhado para um atendente humano.
Logo depois, estão classificados cargos de análise e assistência (como responsáveis por cálculos fiscais, avaliações de seguros e secretários administrativos). Com pouco esforço, é possível ver esses cargos sendo substituídos por sistemas gerenciais de ponta.
Em resumo, na indústria 4.0, tarefas mais repetitivas são altamente propensas à automação. Máquinas podem executar ações que exijam um pensamento lógico com mais rapidez e qualidade, reduzindo o tempo de espera e a ocorrência de erros.
Por outro lado, tarefas que exigem criatividade e pensamento estratégico, obrigando seu executor a sair do lugar-comum, têm baixa propensão à automação. É o caso das executadas por psicólogos, designers, engenheiros e gestores de RH.
A indústria 4.0 e a transformação digital
Outro ponto que merece destaque é a transformação digital. Todas as indústrias estão passando por um forte processo de transformação, substituindo operações físicas e papéis impressos por documentos digitais e algoritmos computacionais.
Nesse caso, a transformação digital é mais um reflexo — talvez, o mais marcante — da indústria 4.0. É realmente impossível pensar em uma quarta revolução industrial sem que se considere a transição do mundo analógico para o digital de forma rápida.
Veja, por exemplo, as movimentações financeiras. Quase ninguém mais faz grandes transações com dinheiro impresso (para pagar o salário da equipe, por exemplo), nem mesmo vai até o banco para isso. Tudo é feito por meio do computador, com um login e senha.
Dentro da indústria de manufatura, é possível citar exemplos mais atuais. Projetos já podem ser vistos em realidade aumentada (RA), o treinamento do time pode ser feito em realidade virtual (RV), e os relatórios, vistos em dashboards de softwares ERP.
O que é palpável está sendo substituído por unidades básicas de conhecimento, isto é, dados. Esses dados são mais facilmente movimentados, monitorados e usados de maneira estratégica para a tomada de decisões e o crescimento da indústria.
As mudanças na cultura organizacional
Com mudanças acontecendo de maneira tão rápida e profunda, uma coisa é certa: a cultura organizacional tende a ser transformada. Os colaboradores se tornarão mais propensos a assumir riscos e menos propensos a ficar em uma “zona de conforto”.
Para ficar mais claro, é preciso discutir o conceito de cultura organizacional. A cultura representa o conjunto de crenças, hábitos e valores que norteiam as relações dentro do empreendimento. Em poucas palavras, a cultura é o DNA da indústria.
Há diferentes tipos de cultura — centradas nos processos, na satisfação dos clientes ou em resultados financeiros, por exemplo. Não existe uma cultura certa ou errada, mas há aquelas que entregam resultados mais alinhados aos interesses da empresa.
Quando a indústria está interessada em acompanhar o mundo 4.0, é preciso desenvolver uma cultura líquida, que permita a aprendizagem contínua, a reconfiguração dos recursos empresariais e o enfrentamento (não o contorno ou comunhão) dos desafios diários.
Nesse aspecto, a indústria 4.0 torna a cultura, ao menos nos seus aspectos perceptíveis, um processo de mudança mais frequente. Os talentos precisam aprender, desaprender e aprender novamente, pois, caso contrário, toda a indústria pode perder em competitividade.
Essa cultura dinâmica, independentemente de onde estiver centrada (nos clientes ou processos, por exemplo), é de responsabilidade de todos, em especial da alta liderança. Todos os líderes, a partir do CEO, devem comprar e transmitir a cultura desejada.
As diferenças na produção da empresa
Os avanços tecnológicos ajudam a otimizar a produção. Torna-se possível fazer tudo com mais rapidez, qualidade e precisão. Isso gera muitos ganhos para a indústria e também para o time de trabalho. Entenda mais!
Precisão
Um dos maiores “gargalos” dentro das indústrias é a falta de precisão. Processos imprecisos geram erros, problemas e até acidentes, o que torna a organização menos competitiva e aumenta os custos operacionais não previstos.
Com boas tecnologias, é possível aumentar a precisão. Os softwares garantem que rigorosos padrões de qualidade sejam atendidos. Também permitem monitorar o que está sendo feito, identificar pequenas disfuncionalidades e corrigi-las a tempo.
Quanto maior for a precisão, melhor será. Isso significa que os processos serão executados como o planejado, que os produtos finais estarão dentro de um padrão mínimo de qualidade e que os profissionais terão mais segurança no exercício das suas tarefas.
Velocidade
Outro ponto importante é a velocidade. Com tecnologias de ponta, é possível fazer muito mais do que antes, tornando a indústria mais produtiva e apta a competir internacionalmente.
O aumento da velocidade é resultado de uma série de fatores, entre eles: a redução dos “gargalos” ligados à baixa precisão, a digitalização de certos processos, a automação das tarefas mais repetitivas e o maior nível de capacitação dos colaboradores.
É preciso destacar que a indústria 4.0 também influencia o nível de qualificação das equipes, pois torna-se mais fácil promover treinamentos. É possível iniciar turmas on-line ou promover capacitações por meio do smartphone, o chamado m-learning.
As transformações na gestão empresarial
A produção se torna mais rápida e precisa e isso resulta em custos mais baixos, ganhos em escala e repasse de preços mais competitivos aos clientes. No entanto, outra questão importante é o que muda na gestão empresarial. Confira a seguir!
Tomada de decisões
Por muito tempo, a tomada de decisão foi baseada na vivência dos líderes e não em evidências do que acontecia dentro da indústria. Isso abriu espaço para o “achismo”, isto é, para decisões pouco precisas e que levam a resultados insatisfatórios.
Na atualidade, a tomada de decisões é baseada em evidências. Os líderes precisam coletar e estruturar grandes volumes de dados para só depois identificar causalidades e decidir o que deve ser feito, especialmente para as decisões mais importantes.
Ao monitorar o processo produtivo e coletar dados volumosos, por exemplo, torna-se mais simples identificar as relações de causa e efeito, ou seja, o que influencia o que, e promover inferências (tomar decisões com base em amostras da população). Isso aumenta a qualidade da decisão.
Foco nas tarefas estratégicas
Assim como a indústria, os gestores também contam com recursos limitados. A atenção é um bom exemplo disso. Se eles focam demais o que é operacional, deixam de cuidar do que é estratégico. Isso pode afetar o empreendimento de múltiplas formas.
O avanço das tecnologias, porém, permite que tarefas mais burocráticas e repetitivas sejam feitas por máquinas. Por outro lado, os empregados e administradores podem se envolver mais no que é estratégico e demanda um pensamento fora do lugar-comum.
Logo, em vez de controlar ou levantar relatórios, os gestores podem instruir seus colaboradores, traçar novos planos, averiguar a qualidade dos processos e promover melhorias pontuais no que está sendo feito. Desse modo, todos ganham.
As tecnologias mais utilizadas
Nesse processo de transição da indústria de manufatura tradicional para o mundo 4.0, algumas tecnologias tendem a ser mais adotadas, visto que facilitam a realização das tarefas diárias, melhoram o trabalho com dados e o alcance de resultados. Veja mais!
Inteligência artificial
Primeiramente, é preciso destacar o uso de inteligência artificial (IA). Em poucas palavras, a IA consiste em sistemas avançados que simulam o pensamento humano por meio de algoritmos complexos e que permitem a resolução de diversas tarefas.
Há muitas formas de empregar a inteligência artificial. Dentro do processo produtivo, por exemplo, as máquinas podem ser dotadas de IA para diagnosticar e resolver certos problemas. Já no processo de RH, softwares podem reconhecer os candidatos mais alinhados à cultura organizacional e indicar esses colaboradores para a contratação.
Felizmente, a IA é muito flexível e já pode ser aplicada às mais diversas áreas da indústria — RH, marketing, operações, logística etc. Além disso, os sistemas dotados de inteligência estão avançando rapidamente e ficando cada vez mais sofisticados.
Big data
É muito difícil falar em indústria 4.0 e não falar em big data. Essa tecnologia trata do uso de grandes volumes de dados verídicos e variados para melhorar o que é feito dentro da indústria e torná-la mais competitiva.
O uso de grandes volumes de dados ajuda a diagnosticar problemas, estudar certas causalidades, avaliar tendências do mercado, se antecipar aos concorrentes e tomar decisões com mais segurança. Ou seja, facilita toda a administração da indústria.
Em resumo, esse processo envolve três principais etapas: coleta, estruturação e análise dos dados. Com isso, poderá transformar dados em informações úteis e estratégicas à indústria e, depois, aplicá-las ao expediente.
Realidade aumentada
Outra tecnologia proeminente é a realidade aumentada. Com ela, é possível visualizar elementos do mundo digital no mundo real por meio de uma câmera, promovendo um processo de troca bastante interessante e que beneficia a indústria de diferentes formas.
Uma das principais vantagens é a visualização de projetos. A indústria de construção civil, por exemplo, pode ver seus edifícios em 3D e escala real, mesmo quando estão só no papel. Isso permite que imperfeições sejam devidamente identificadas e corrigidas. O treinamento da equipe também pode ser melhorado, visto que os talentos podem se envolver em simulações realistas e interagir com os produtos virtuais para aprender.
Existem muitas outras aplicações para a realidade aumentada, como as ligadas ao setor de marketing e vendas. O mais interessante é que essa tecnologia tem evoluído a passos largos, se tornado mais acessível e interessante para a indústria de manufatura.
Impressão 3D
A impressão 3D também tem seu lugar na indústria 4.0 por duas principais razões: primeiro, por facilitar a criação de protótipos e a avaliação de como produtos seriam usados na prática. Depois, porque é incrivelmente simples de usar.
Uma indústria de calçados, por exemplo, pode fazer o protótipo do solado de um novo modelo e avaliar como ele se comporta na prática antes de gastar uma fortuna criando moldes e produzindo o primeiro modelo. Assim, é possível ter mais acerto.
O mais interessante é que a tecnologia de impressão 3D tem evoluído bastante. As máquinas estão cada vez mais rápidas, permitindo protótipos maiores, bem-detalhados e com materiais diversos.
Internet das coisas
Há, por fim, que se falar da internet das coisas (IoT, em inglês). É cada vez mais comum ver itens conectados à internet. Um exemplo já bastante comum é o relógio, que tem função de smartphone e possibilita a realização de uma série de tarefas.
Dentro da indústria, porém, é possível conectar muitas outras coisas à internet e ter resultados surpreendentes. O motor de um carro, por exemplo, pode estar conectado e enviar sinais do seu funcionamento para uma central de big data, o que facilita a antecipação de problemas, o diagnóstico e até o conserto de maneira remota.
A indústria de construção, por sua vez, pode criar casas ou edifícios conectados. Há aplicações praticamente infinitas para a IoT, visto que quase tudo pode ser conectado à internet. Isso permite a construção de uma indústria mais autônoma e conectada.
Os profissionais que estão ocupando a indústria 4.0
A indústria 4.0 está avançando rapidamente e quebrando muitos paradigmas. Ela permite que as tarefas sejam feitas em maior quantidade e com maior qualidade e segurança. No entanto, para que tenha vida, precisa de pessoas realmente talentosas.
Há muitos profissionais que predominam na indústria 4.0, como cientistas de dados, engenheiros e programadores. Eles permitem que o mundo digital e o real tornem-se um só, gerando benefícios tanto para a indústria quanto para a sociedade.
No entanto, existem competências mais “leves”, chamadas de soft skills, que precisam ser observadas (e desenvolvidas) em todos os profissionais que atuam na indústria 4.0. Adiante, explicamos algumas dessas principais competências.
Aprendizagem contínua
A primeira delas é a capacidade de aprender sempre. Nessa nova indústria, o fluxo de dados é muito alto e é preciso aprender continuamente. Profissionais pouco dispostos a absorver novos conhecimentos têm poucas chances de alcançar grandes resultados.
Nesse caso, ainda no recrutamento e seleção, avalie qual a disponibilidade do talento de aprender coisas novas, se ele se disponibilizaria a mudar o jeito de trabalhar ou ser alocado para uma nova função e aprender do zero.
Quanto maior a disposição a aprender, melhor. Isso porque, em alguns anos, nosso conhecimento atual estará defasado (assim como o conhecimento de 20 anos atrás está quase obsoleto hoje). Sem uma aprendizagem contínua, a organização ficará para trás.
Pensamento estratégico
Outro ponto importante é o modo de pensar. Como as máquinas ocupam as tarefas mais repetitivas, as pessoas ficam encarregadas de realizar o que exige pensamento fora do lugar-comum. Nesse caso, o pensamento estratégico conta muito.
Pensar de maneira estratégica é olhar além, enxergar o que é feito como um sistema maior e mais complexo, que precisa ser bem-conduzido. É um contraponto ao pensamento operacional, que foca o “aqui e agora”.
Nesse caso, os funcionários devem ser instruídos a se perceberem como parte de um todo maior. Eles não são uma ilha, e seu trabalho não está dissociado do que é feito pelos outros empregados. É preciso pensar de maneira estratégica, enxergar o todo.
Criatividade
Há que se considerar, por fim, a criatividade. A indústria 4.0 emerge com coisas totalmente novas, o que também gera novos problemas. Então, é preciso pensar em soluções que ainda não foram pensadas e depois executá-las com êxito.
A diferença, hoje, é que a criatividade e a inovação não são coisas restritas ao setor de pesquisa e desenvolvimento (P&D), muito menos à alta administração. Todos, desde o CEO até o porteiro, devem encontrar espaço para compartilhar suas soluções criativas.
Em vista disso, a criatividade é outra competência importante aos profissionais que estão ocupando a indústria 4.0. Eles precisam saber diagnosticar problemas, criar soluções e encontrar espaço para executá-las dentro do empreendimento.
As perspectivas para o futuro
O mundo 4.0 é realmente novo, e a indústria de manufatura brasileira está aos poucos promovendo transformações alinhadas a esse contexto, o que é essencial. Essa transição depende, em grande parte, de um cenário macroeconômico propício. É necessário encontrar condições para importar tecnologias de ponta e competir em nível global; do contrário, a mudança desejada não terá espaço dentro da organização.
Essa condição macroeconômica propícia é desenvolvida em parceria com o Estado, sendo preciso buscar por melhores condições de importação e exportação, bem como um modelo tributário que gere competitividade. Contudo, essa é só a primeira etapa.
Boa parte da transformação depende única e exclusivamente da própria indústria. Nesse caso, torna-se imprescindível estudar e incorporar novas tecnologias ao trabalho, tornando-o mais ágil, preciso e produtivo.
As tecnologias mencionadas, como big data, realidade aumentada, inteligência artificial e impressão 3D, são algumas das mais proeminentes, mas existem muitas outras que atendem às especificidades de cada setor. Logo, é preciso estudá-las.
Como as mudanças afetam a indústria
O que está por vir, no fim das contas, é um mundo mais digital, com menor tolerância a erros e com clientes mais exigentes. Todas essas mudanças podem ser enfrentadas com o uso apropriado da tecnologia, bem como com a modernização da indústria.
Perceba que a indústria 4.0 está em um processo de transformação, e muitas das suas tecnologias mais proeminentes estão em constante avanço. Mesmo assim, ela já promove mudanças na produção e gestão das indústrias.
Em vista disso, cabe à indústria de manufatura se esforçar para acompanhar essa transição, adotar as melhores ferramentas e contratar as pessoas certas. Do contrário, pode ficar para trás, perder competitividade e poder de mercado.
Uma coisa importante: a transição para a indústria 4.0 não é feita de uma hora para outra. Esse é um processo passo a passo que depende do empenho de todos. Caso o time de trabalho não esteja envolvido, os resultados desejados não serão alcançados.
Além de tudo, é importante contar com um software gerencial de ponta, pois ele atua como uma “espinha dorsal” para todo o processo de transição digital, facilitando o uso de grandes volumes de dados e a automação de tarefas e relatórios, entre outras coisas.
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